terça-feira, 24 de janeiro de 2012

UMA PROPOSTA PARA UM NOVO CAMPEONATO MINEIRO

O início do ano é designado para a disputa dos deficitários, e muitas vezes inúteis, campeonatos estaduais.
Para os times pequenos, constuma ser a rendenção do ano, pois pode ser a única competição a ser disputada.
Para os grandes, é sinônimo de prejuízo: financeiro, material e moral.
Prejuizo financeiro, pois não gera renda suficiente, seja pela bilheteria, seja pela cota de TV, pois, ainda que a Globo tenha dado um aumento, depois de uma pressãozinha da Record, R$15milhões é pouco para o campeonato mineiro.
O prejuízo material é eventual, decorrente da lesão de um jogador, importante ou não, nos buracos desses campos horrosos do interior ou na entrada desonesta de um atleta do interior, ou do arquirrival, que sabe que nenhuma punição mais grave irá ocorrer.
Prejuízo moral, se não vencer o campeonato, o que sempre será obrigação.
Assim, entendo que seria o caso de se mudar a forma de disputa do Campeonato Mineiro, regionalizando-o.
Hoje a primeira divisão está divida em módulo I e módulo II, uma aberração total, já que se tem duas divisões (essa é que é a verdade) numa só, e, na minha opinião, as duas divisões deveriam ser unidas, dividindo-se a disputa entre os times de suas regiões. E, não havendo equipes suficientes para tanto, unindo as regiões próximas.
No Módulo I, hoje, estão: América, América/TO, Caldense, Boa, Galo, Crucru, Democrata/GV, Guarani de Divinópolis, Nacional de Nova Serrana, Tupi, Uberaba e Villa Nova.
No Módulo II, estão: Araxá, Formiga, Funorte, Ipatinga, Mamoré, Patrocinense, Poços de Caldas, Social de Cel. Fabriciano, Tombense, Tricordiano, Uberlândia e URT.
Ou seja, nos dois módulos estão times de todas as regiões do estado, que poderiam ser agrupados, disputando entre si uma única vaga um pentagonal final.
Explico:
América, Galo, Crucru e Villa Nova, que por ser de Nova Lima, ficariam na chave da Região Metropolitana. Se o Villa Nova não quisesse, por causa da pressão, poderia ser deslocado para outra chave.
América/TO, Funorte, Social de Cel. Fabriciano, Ipatinga e Democrata/GV ficariam da chave norte/nordeste/Vale do Aço.
Uberaba, Uberlândia, Araxá, Mamoré, URT e Patrocinense ficariam na chave do Triângulo, que poderia ser acrescida do Funorte, se este entedesse ser mais viável se deslocar para essa região que para Teófilo Otoni e as cidades do Vale do Aço.
Caldense, Boa, Poços de Caldas e Tricordiano, fariam parte da chave Sul.
E, finalmente, Guarani, Nacional, Formiga, Tupi e Tombense, formariam a chave Centro-Mata (Centro Oeste e Zona da Mata.
Assim, com as cinco chaves criadas acima, sairia um time de cada um, para uma rodada final, todos contra todos, e o campeão seria o que obtivesse mais pontos. Simples.
Poderia, talvez, a chave sul, ser juntada com a Centro-Mata, fornecendo essa chave 3 classificados, devido ao número de times, formando-se um hexagonal final. É uma possibilidade.
Com isso, com a disputa regional, os custos da disputa diminuiriam, com a redução de deslocamentos, viagens, hospedagens, etc., o que melhoraria as finanças do clubes. Além disso, haveria um acirramento da rivalidade regional, o que aumentaria a frequência do público nessas cidades, e na fase final apenas um dos grandes da Capital, que sempre tomam contam da festa final, o que poderia, em tese, facilitar a um time do interior conquistar o título estadual, coisa que não acontece desde a vitória do Ipatinga.
Na Capital, todos os jogos teriam casa cheia, pois seriam somente disputas de clássicos.
Cada chave poderia iniciar a disputa independentemente, podendo escolher as melhores datas e forma de classificação e enfrentamento.
Contra essa proposta pesaria o fato dos times do interior enfrentarem os grandes da capital somente uma vez, na fase final, aqueles que se classificarem, o que lhes prejudicaria a renda de bilheteria, já que quando os grandes vão ao interior a procura por ingressos é sempre maior. Mas, entendo eu, que isso pode ser compensado pelo acirramento da rivalidade regional, que também é chamariz de público, bem como o fato de que os grandes podem não ir a várias dessas cidades, pois a primeira fase do Campeonato Mineiro é de turno único.
Além disso, a FMF poderia premiar financeiramente os times do interior que passam à fase final (já que agora vende o "name rights" do campeonato ao BMG), assim como ocorre na Copa do Brasil pela CBF, o que certamente seria um importante instrumento de incentivo aos clubes.
Quanto a rebaixamento, esse seria simples: os dois piores, aí avaliados os resultados e critérios técnicos, de todos os times de todos módulos, seriam rebaixados, e os dois melhores da atual segundona (correspondente à terceirona), seria promovidos, alocando-os nas chaves que perderam clubes ou na sua região, podendo, a cada ano, serem readequadas as chaves, com a união de um grupo a outro, que é uma das primeiras hipóteses desta proposta, conforme afirmado anteriormente, o que não causaria prejuízo a nenhum time, já que isso poderia ser decidido na reunião do Arbitral.
De toda forma, ainda que a fórmula de disputa proposta aqui não seja a melhor, é necessário que se faça mudança nos estaduais, que estão esvaziados e sem importância, mas que não podem deixar de existir, por causa de sua tradição, mas, mais importante, por ainda ser o mais importante meio de surgimento de novos atletas.

2 comentários:

  1. Fala Rodrigo

    Eu tenho uma visão bastante parecida com essa, cheguei a escrevê-la uma vez e que acredito também que seria a salvação pro Campeonato Mineiro, aliás, pra maioria dos estaduais. Eu sonho o calendário do futebol brasileiro bastante diferente do que ele é hoje, mas como disse, é só sonho, rsrs. Libertadores, Copa do Brasil e Sul Americana deveriam correr o ano inteiro. Paralelos ao Brasileiro. ASSIM COMO É NA EUROPA! E assim como os estaduais, só que de uma forma completamente revitalizada, assim como vc propôs.
    Primeiramente, concordo demais com a idéia de que Atlético, América e Cruzeiro só deveriam entrar numa fase final. E não, definitivamente isso não atrapalharia em NADA os times do interior. Pelo contrário. Rivalidades regionais acirradas levam muito público ao estádio. É só olhra pra Patos de Minas com o maior clássico do Mundo (rsrs) MAMORÉ x URT. Ipatinga x Social, Guarani x Formiga, Uberlândia x Uberaba levam público. Num campeonato disputado e emocionante, jogos como esses dão 4, 5 mil pessoas tranquilamente (lembrando que esse público em vários estádios do interior é MUITA gente).

    Muita gente - e a desculpa atual é essa - fala da TV. "Sem os grandes não há interesse da TV". MENTIRA! Não há interesse da Globo, que compra e manda no calendário, por isso temos esse ridículo torneio que todos jogam pra decidir se Atlético ou Cruzeiro ficam com o título. Que esse torneio do interior fosse oferecido pra Alterosa, Record e Rede Minas, por valores bem menores sim, com horários de transmissão sábado a tarde e domingo de manhã, pra ver se não ia dar audiência. Além disso, facilitaria a venda de cotas de patrocínio para os clubes, que com TVs mostrando, tem suas marcas mais expostas.

    Em teoria é possível sim. E seria fantástico! Ao contrário do que pensam 90% dos torcedores e imprensa da capital, o interior é forte sim. Só ver o que Tupi, Ipatinga e BOA fizeram em 2011. Se eles fizeram isso sem apoio nenhum, imagina com apoio? Com um campeonato forte?

    Continuemos sonhando e propondo alternativas. Quem sabe nossos netos ainda poderão ver isso, rsrs.
    Parabéns pelo post. É esse o caminho!

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    1. Alexandre, sua resposta em fez lembrar: o campeonato mineiro era transmitido pela TV Alterosa. Estive na Sessão em Preto e Branco relativa ao Tricampeonato Mineiro do Galo (79-81) e as imagens exibidas naquele dia foram todas geradas pela Alterosa, com a final do campeonato realizada em Dezembro (tinha até Papai Noel no campo...) Isso é a prova de que os estaduais podem ser realizados ao longo do ano, e não quando a Globo quer. Se ela colocou muito dinheiro no futebol (e no esporte em geral), o preço pago pelas equipes para isso foi muito alto. Obrigado pelo comentário e pelo apoio à idéia!

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