sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MOTORISTA POR UM DIA - LAVANDO A BANDEIRA DO GALO - POR @ANACRISGONTIJO

O Blog da GaloKombi estréia hoje uma nova forma de interação com seus passageiros, o Motorista por Um Dia. E na estréia a colunista do Lances & Nuances:


Lavando a bandeira do Galo 


Torcer por este meu time de futebol é ter o coração constantemente saindo pela boca. Ultimamente, mais de raiva e tristeza que de alegria e esperança.

Mas hoje eu não quero escrever mais um dramalhão cheio de lágrimas e de juras de amor incondicional. Hoje não. Porque, neste momento, o único poema possível seria uma rima ridícula de amor com dor. Passemos a outros assuntos, pois.

Alexandre Kalil, presidente do Clube Atlético Mineiro eleito em outubro de 2008, parece personagem de novela: temperamento colérico, exagerado, dono de um mau humor engraçado, daqueles que fazem piada de cara fechada e depois falam sério com palavreado cômico. Administrativamente, parece estar fazendo muito bem ao clube. Em seu primeiro ano comandando o CAM, foi eleito pela CBF o melhor dirigente do país.

Porém, um clube que sobrevive de futebol não pode orgulhar-se somente de sua estrutura, instalações modelo, salários pagos em dia e um patrimônio invejável. Eu sei, isso não é pouca coisa, mas, onde está o futebol?

Há menos de um mês, o comentarista esportivo Lédio Carmona escreveu, em sua coluna no Jornal Extra, sobre o efeito que a conquista da Copa do Brasil teve sobre o Vasco da Gama: “Você levanta uma taça e sua vida muda. (...) Com todo respeito ao Barão de Coubertin, o importante é competir, mas no futebol só as vitórias têm o poder de consolar, fechar feridas e decretar o renascimento definitivo.”

A massa atleticana está histérica. Atleticano brigando com atleticano, manifestantes pedindo a cabeça o presidente, dos jogadores, do diretor de futebol, do preparador de goleiros, do roupeiro, da torcida organizada e de quem mais ousar pronunciar o nome Clube Atlético Mineiro. Em um momento assim, a diretoria tem que ter cabeça fria. De colérico, que o presidente faça um esforço e se controle como os fleumáticos.

Não acho que Alexandre Kalil seja vilão nem herói. Ele é um homem tentando acertar. Mas, se até o momento isso não bastou, que seja mais que um homem comum: que seja um homem sábio. Que meça muito bem cada um de seus movimentos.

Em menos de três anos de seu mandato, foram contratados 70 jogadores (caso se confirme a vinda do lateral esquerdo Triguinho). Foram 6 goleiros, 5 laterais direitos, 9 zagueiros, 6 laterais esquerdos, 16 volantes, 10 meias e 18 atacantes. Dos jogadores contratados antes de 2011, apenas 8 continuam no clube (contando com Ricardo Bueno e Fábio Costa, que estão afastados).

Reconheço que não entendo nada do mercado da bola. Mas uma coisa eu sei, porque não precisa ser profissional do futebol para saber: é muito difícil manter unido um elenco com 39 jogadores. Como manter 39 atletas motivados ao longo de uma temporada? Como trabalhar uma equipe deste tamanho, com vários jogadores de cabeça quente, andando de cabeça baixa e torcendo pelo dia de ganhar a porta da rua?

Não sou contra contratações. Sou, sim, contra contratações a rodo e pouco criteriosas. Por que um gerente de futebol fica trazendo tantos jogadores que todos sabem que não vão resolver o problema daquela posição, enchendo então a casa de mais egos para serem administrados? Às vezes tenho a impressão de que um diretor de futebol assim possa ter mais ligação e mais motivos para proteger os interesses dos empresários e investidores do que os interesses do próprio clube para quem trabalha.

Pensando em tudo isso, melancolia chegou sem pedir licença. Olhei a bandeira do Clube Atlético Mineiro e eis o que imaginei: aquela estrela amarela, solitária, pequenininha, mas tão importante, seria a diretoria, os atletas e demais funcionários. O restante da bandeira, as listras irmanadas, são os milhões de torcedores que formam a massa atleticana. Se a estrela desistir da bandeira, por um pouco ainda teremos a bandeira. Mas, depois de um tempo, cada qual vai pro seu canto, cada um vai desistindo de seu grito, vai calando a sua voz, até que tudo se desbota e, daquele Galo forte e vingador, que historicamente não foge à guerra, sobrará apenas um pano sem graça, uma bandeira descorada, quase branca, que é o sinal irrevogável da pacata rendição.

Para que a nação alvinegra reaja, que Alexandre Kalil levante primeiro a cabeça. Seja firme. Criterioso. Que escolha seu exército a dedo. Faça no time o que fez com a casa administrativa. Para casa suja e desordenada: limpeza. Se tiver que buscar mais alguém, que tenha critério. Porque já vimos que há baratos que saem muito, muito caros.

Avante, Galo!

Um comentário:

  1. Concordo com a grande maioria das coisas que foi escrito. Mas........
    Temos que fazer uma cobrança mais enérgica ao Kalil...
    Errando tentando acertar não é suficiente.
    Ele fala que fez o que a torcida queria.
    Não se pode agradar a todos, então vou enumerar alguns grandes erros do kalil, segundo minha opinião e de meus amigos mais próximo:
    1º contratação do celso roth. a torcida era contra e em nenhum momento abraçou aquele time. apesar de ter feito campanha razoável. E continuou errando ao não tê-lo dispensado quando o time teve a queda bruta de rendimento.
    2º camisa rosa: não conheço nenhum torcedor que tenha aprovado. ah tah, mas o que isso tem a ver? quem não gosta é homofóbico? não se garante? não, eu mesmo já usei camisa rosa e não influencia na minha masculinidade. Isso tem a ver com TRADIÇÃO! Essa camisa rosa só veio mostrar que tradição não existe mais no Galo.
    3° Deixar o Luxa(sonho de 9 em 10 atleticanos) comandar o futebol, a cidade do galo, etc. sem acompanhar por perto. Não considero a contratação do luxa um erro. O erro foi não acompanhar de perto.
    4° Barca de contratações equivocadas e sem critério que com o luxa foi explosão. Não precisa nem listar. No site uai está lá.
    5° demora em dispensar o luxa. Só tomando essa decisão quando não tínhamos mais nenhuma chance no campeonato.
    6º contratação do dorival: acertada. Demora em sua demissão: outro erro.

    7° dipensa do Ricardinho e do Zé Luiz, eram os dois melhores jogadores de meio de campo do Atlético. Não tem nada de concreto contra eles.

    8° Venda do Tardelli e do Obina e a contratação deste monte de bondes... se fosse pra perder dinheiro, era melhor manter estes dois.

    Tem mais...
    Alguém em sã consciência acha que estes dois novos "reforços" resolvem? Eles estavam encostados nos times de origem. Aliás, quase todos estavam encostados nos seus times.

    E os erros continuam.....

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