sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ALERTA AO BRASIL PARA A COPA 2014 - texto retirado da Folha de S. Paulo de 14/10/10

África ignora legado da Copa-10
FUTEBOL
Liga local pouco utiliza estádios do Mundial, e, quando faz isso, eles ficam vazios

PAULO COBOS
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

Não deu outra. Os enormes e luxuosos estádios construídos para a Copa do Mundo da África do Sul não servem para o futebol local.
A recém-iniciada temporada da liga sul-africana expõe essa cruel realidade.
Os clubes fogem das arenas do último Mundial. Das 96 partidas da liga até o final do ano, apenas 20, ou pouco mais de um quinto do total, foram marcadas para um dos dez estádios erguidos para o Mundial, que juntos custaram mais de R$ 4 bilhões.
Dos nove jogos realizados até agora em arenas da Copa, só a rodada dupla de abertura, disputada na Cidade do Cabo, teve um público bom.
Foram usados diversos tipos de promoção para a distribuição de ingressos, e 43 mil torcedores foram à partida, pouco mais da metade da capacidade do estádio.
Nos outros sete jogos, o público presente foi um grão de areia na imensidão das arquibancadas -a média ficou em 3,2 mil torcedores.
Segundo dados oficiais da liga sul-africana, o jogo entre Platinum Stars e AmaZulu levou só 200 pessoas ao Royal Bafokeng Stadium, que tem capacidade para 46 mil torcedores. No Mundial, abrigou até jogo da Inglaterra.
Principal palco da Copa, quando recebeu mais de 80 mil fãs por jogo, o Soccer City, em Johannesburgo, só abrigou um duelo da primeira divisão sul-africana. E apenas 5 mil pessoas viram o empate sem gols entre Orlando Pirates e Free State Stars.
Até estádios mais modestos, como o de Bloemfontein, foram preteridos por outros ainda mais espartanos.
Os clubes do país preferem estádios menores e mais próximos às suas sedes, diminuindo, assim, a chance de prejuízo. A própria federação sul-africana reconhece que os gastos com as instalações do Mundial são proibitivos para os padrões locais.
Só para a limpeza das arenas após os jogos, calcula a federação, é necessário um investimento, em material e contratação de pessoal, de pouco mais de R$ 45 mil.
Antes do início da temporada da liga, o futebol sul- -africano já dava sinais que é muito pequeno para os estádios do último Mundial.
Um torneio de pré-temporada com os oito melhores clubes do ano anterior não teve jogos marcados para os estádios da Copa. Os organizadores diziam que eles eram "muito grandes" para o porte do futebol do país.

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